Desastre de Mariana – Consequências no ecossistema
Após duas semanas do rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco – cujos donos são a Vale a anglo-australiana BHP Billiton – em Mariana – MG, a enxurrada de lama já chegou ao mar do Espírito Santo neste domingo (22).
De acordo com o Instituto Estadual do Meio Ambiente (IEMA), a lama já atingiu 10 km do mar até a tarde desta segunda-feira (23), após passar pelo trecho do Rio Doce no distrito de Regência, em Linhares. Peixes mortos já começaram a ser enterrados na praia de Povoação.
As consequências do desastre são assustadoras. De acordo com o biólogo André Ruschi, a chegada dessa “onda marrom” pode ter um impacto ambiental equivalente à contaminação de uma floresta tropical do tamanho do Pantanal brasileiro.
Essa descarga tóxica pode atingir três Unidades de Conservação Marinhas – Comboios, Costa das Águas e Santa Cruz, que somam 200.000 hectares (2 mil km²) no mar. Se nada for feito, o prejuízo ambiental do desastre pode demorar mais de 100 anos para ser revertido.
O biólogo Marcos Vago explicou que as substâncias contidas na lama podem se espalhar por diversas cadeias alimentares, inclusive chegar até o homem, que se alimenta de animais marinhos.
As espécies mais ameaçadas são aquelas que usam a região de Regência como local de reprodução. De acordo com a Associação de Pescadores da região, peixes mortos estão sendo retirados do mar para análise. A Samarco está pagando pescadores para que o trabalho possa ser feito.
A Justiça Federal determinou multa de R$ 10 milhões por dia se a Samarco não apresentasse um plano contra o avanço da lama. A empresa apresentou esse plano, mas o Ministério Público considerou que as medidas não são eficientes. Agora, a justiça vai ter que decidir sobre a cobrança da multa.
Como começou
Duas barragens da mineradora Samarco se romperam no último dia 5, na cidade de Mariana – MG. Havia lama, rejeitos sólidos e água nessas barragens. Centenas de residências foram atingidas.
O número divulgado de mortos até o momento é de 11 pessoas. 12 ainda estão desaparecidas. De acordo com a Defesa Civil, com o passar dos dias e a lama mais seca, as chances de sobreviventes serem encontrados diminui.
São centenas de famílias em abrigos ou em tetos emprestados, há mais de duas semanas dependendo de doações. Diversas entidades e voluntários se mobilizam para receber donativos e acolher as vítimas, que passam de 500. De acordo com a prefeitura de Mariana, as prioridades são doações de materiais de uso pessoal como escovas de dente, toalhas de banho, copos, talheres e pratos descartáveis, além de água potável.
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